Como o aumento do IOF complica viagens ao exterior

Foto: Reprodução
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O recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tem provocado dúvidas e preocupações entre brasileiros que planejam viajar ao exterior nas próximas semanas. O tributo federal, cobrado sobre diversas operações financeiras, como a compra de moeda estrangeira e o uso de cartões internacionais, sofreu uma elevação na alíquota, impactando diretamente o custo das viagens e o orçamento dos turistas.

O IOF é um imposto aplicado pelo governo federal sobre operações financeiras diversas, incluindo câmbio, empréstimos, seguros, entre outros, sendo uma importante fonte de receita para a União. Para os viajantes, o imposto incide principalmente sobre a compra de moeda estrangeira em espécie, o uso de cartões de crédito internacionais e cartões pré-pagos ou multimoedas. A partir de 23 de maio de 2025, a alíquota para todas essas operações foi unificada e aumentada para 3,5%, um crescimento considerável se comparado à taxa anterior, que era de 1,1% para cartões de débito, pré-pagos e compras de moeda física.

Uma das principais dúvidas dos consumidores refere-se à diferença entre os tipos de cartões usados no exterior. O cartão de crédito internacional funciona de modo tradicional: o IOF é cobrado no dia da compra, com base na cotação do dólar ou outra moeda na data da transação. Isso significa que variações cambiais podem influenciar o valor final pago, podendo resultar em custos mais altos ou mais baixos dependendo do momento em que a compra for realizada.

Já os cartões pré-pagos, multimoedas ou de débito internacional funcionam de forma diferente, pois são carregados antecipadamente com um valor fixo em moeda estrangeira. Nesses casos, o IOF é cobrado no momento do carregamento do cartão, travando a taxa cambial daquele dia. Assim, o consumidor sabe exatamente quanto pagou de imposto e não fica sujeito às flutuações do câmbio no momento da compra. Importante destacar que quem carregou esses cartões antes do aumento do IOF não será cobrado novamente com a nova alíquota ao usá-los.

A compra de moeda estrangeira em espécie também está sujeita ao aumento do IOF, que agora está na mesma alíquota de 3,5%, elevando o custo de quem prefere viajar com dinheiro físico em mãos. Esse aumento pode desestimular essa prática, que é comum entre turistas que buscam maior controle dos gastos.

Quanto à melhor opção para os viajantes, a resposta não é simples nem unânime. Segundo especialistas, como o economista Otto Nogami e o planejador financeiro Carlos Castro, a escolha ideal depende da pesquisa individual sobre as taxas de câmbio e serviços cobrados por bancos, corretoras e fintechs. A padronização da alíquota do IOF tende a aumentar a concorrência entre as instituições financeiras, que poderão buscar diferenciais em taxas de serviço, comodidade e benefícios para atrair clientes.

Para muitos consumidores, a estratégia pode ser dividir os recursos entre dinheiro em espécie e cartões, equilibrando o custo e a segurança. Outra opção que vem ganhando espaço é o uso de cartões que oferecem cashback, devolvendo parte do IOF pago como incentivo para fidelização dos clientes.

É importante ressaltar que não existe forma legal de escapar do pagamento do IOF nas operações de câmbio e compras no exterior. O imposto é obrigatório e cobrado pelas instituições financeiras que atuam como intermediárias. Algumas empresas, no entanto, adotam estratégias de marketing, como usar a cotação do dólar comercial — geralmente mais baixa que a do dólar turismo — ou conceder descontos em taxas de serviço, para tentar atrair consumidores. Ainda assim, esses valores acabam refletindo em margens de lucro que, de alguma forma, são repassadas ao usuário.

A alteração na alíquota do IOF é parte de um esforço do governo para aumentar a arrecadação, mas o impacto direto recai sobre os consumidores, especialmente turistas, que precisam estar atentos aos custos adicionais. A decisão do viajante sobre qual forma de pagamento escolher deve considerar não apenas a incidência do imposto, mas também a comodidade, segurança e possibilidade de variação cambial.

Em resumo, o aumento do IOF para operações financeiras ligadas a viagens internacionais traz um desafio para quem planeja viajar: é necessário estar bem informado, comparar ofertas e entender o funcionamento dos diferentes tipos de cartões e modalidades de câmbio para minimizar os impactos financeiros. A pesquisa e o planejamento são essenciais para driblar os custos e garantir que a experiência no exterior seja aproveitada com tranquilidade, apesar das mudanças tributárias recentes.

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