Quais são os sintomas da intoxicação por metanol? Veja o que pode acontecer após ingerir bebida adulterada

Vítimas passam mal após tomar bebida alcoólica adulterada com metanol. — Foto: Reprodução/TV Integração
Foto: Reprodução/TV Integração

O estado de São Paulo enfrenta uma grave crise de saúde pública com a confirmação de ao menos três mortes por intoxicação com metanol presente em bebidas alcoólicas adulteradas. Desde junho, ao menos 13 casos suspeitos foram registrados em diferentes regiões do estado, incluindo São Bernardo do Campo e a capital paulista. As vítimas apresentaram sintomas severos após consumirem bebidas adquiridas em bares, adegas ou eventos sociais, o que tem levado as autoridades a reforçarem a fiscalização e a investigação do comércio de bebidas no estado.

As três vítimas fatais são homens com idades entre 45 e 58 anos. Duas mortes ocorreram em São Bernardo do Campo e uma na capital. Um dos casos mais graves resultou em cegueira permanente; outro jovem permanece em coma. Todos os episódios têm em comum o consumo prévio de bebidas alcoólicas que, segundo análise preliminar, estariam contaminadas com metanol, substância química extremamente tóxica e proibida para consumo humano.

O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do estado confirmou a presença de metanol em ao menos seis amostras. A investigação foi estendida a outras 10 ocorrências em análise. A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, também recebeu notificações sobre o caso por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), que monitora emergências relacionadas a drogas e substâncias tóxicas no Brasil.

Diferente de episódios anteriores, em que o metanol foi consumido intencionalmente por pessoas em situação de rua, os casos atuais envolvem a ingestão acidental em ambientes sociais, como bares, festas e restaurantes, com bebidas como gin, vodka e whisky. A hipótese de adulteração proposital por distribuidores ilegais está sendo investigada. Há suspeitas de que parte do metanol utilizado tenha sido importado ilegalmente e redirecionado para fábricas clandestinas de bebidas, possivelmente ligadas ao crime organizado.

Diante da gravidade da situação, o Procon-SP e a Polícia Civil iniciaram operações conjuntas para vistoriar estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas. As ações visam checar documentos fiscais, rotulagens, lacres e identificar produtos sem procedência confiável. O Procon também divulgou orientações para consumidores, como evitar locais sem referência, desconfiar de preços muito baixos e ficar atento a rótulos e embalagens suspeitas.

A comercialização de bebidas adulteradas é crime, previsto no artigo 272 do Código Penal, e também é passível de punições pela Lei nº 8.137/1990, que trata de crimes contra a ordem tributária e as relações de consumo. O Código de Defesa do Consumidor atribui ao fornecedor a responsabilidade sobre a segurança dos produtos oferecidos.

As autoridades de saúde e segurança reforçam que sintomas como visão turva, náusea, tontura, dor de cabeça intensa e perda de consciência após o consumo de bebida alcoólica devem ser considerados sinais de alerta. Nesses casos, a recomendação é buscar atendimento médico imediato e informar os órgãos responsáveis: Anvisa (Disque-Intoxicação 0800 722 6001), Vigilância Sanitária local, Polícia Civil e o próprio Procon-SP.

A crise ainda está em desenvolvimento, e novas vítimas podem surgir caso o consumo de bebidas de origem duvidosa não seja interrompido. O governo estadual e federal seguem em estado de alerta, mobilizando recursos para frear uma possível escalada de intoxicações e responsabilizar os envolvidos na distribuição e venda de produtos ilegais.

Veja a nota oficial do Governo Federal.

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