Curitiba era sede de esquema milionário com cogumelos alucinógenos, diz Polícia Civil

Cogumelos Mágicos Curitiba
Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, nesta quinta-feira (4), a Operação Psicose, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada na produção e distribuição nacional de cogumelos alucinógenos, também conhecidos como cogumelos mágicos. O centro de cultivo principal foi localizado em Curitiba (PR) e segundo estimativa da Polícia Civil teria movimentado aproximadamente R$ 26,5 milhões em um período de um ano.

A investigação, conduzida pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) com apoio do Coaf, Receita Federal e Correios, identificou uma sofisticada rede de produção e comercialização ilegal da substância psicodélica psilocibina, que é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O composto provoca alterações cognitivas, perceptivas e sensoriais, sendo considerado um alucinógeno de alto risco.

No total, foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão em sete estados: Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Pará, Minas Gerais e Espírito Santo. Os alvos eram responsáveis pela produção, armazenamento e logística de distribuição do entorpecente.

Segundo a Polícia Civil, o núcleo do esquema funcionava com base em estratégias modernas de e-commerce e marketing digital. Perfis em redes sociais, especialmente no Instagram, atraíam interessados por meio de postagens com apelo visual e mensagens direcionadas ao público jovem. Uma vez captado o interesse, os usuários eram redirecionados para sites específicos e grupos de aplicativos de mensagens, onde as negociações eram concluídas.

O centro de produção localizado em Curitiba era o principal polo logístico da organização criminosa. Com capacidade de cultivo médio de 200 quilos de cogumelos por mês, o local se preparava para dobrar a produção com a locação de um novo galpão. A operação funcionava com um modelo semelhante ao dropshipping, dificultando a fiscalização. Os pedidos eram enviados pelos Correios e por empresas privadas de entrega, pulverizando os pontos de origem e dificultando o rastreamento.

De acordo com o levantamento da Polícia Civil, entre 2024 e 2025, o grupo criminoso realizou 3.718 envios, totalizando cerca de 1,3 tonelada de cogumelos alucinógenos. Cada dose de 3 gramas era comercializada por aproximadamente R$ 60, o que resultou em um faturamento milionário.

A investigação também identificou o uso de influenciadores digitais, DJs e eventos de música eletrônica como parte da estratégia de marketing da organização. Os cogumelos eram promovidos com alegações de supostos benefícios terapêuticos e de expansão da consciência, sem qualquer respaldo científico. A tática era direcionada especialmente a frequentadores de raves, festas alternativas e feiras de bem-estar.

Diante das evidências, os suspeitos poderão responder por uma série de crimes, incluindo tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, associação criminosa, crimes ambientais, crimes contra a saúde pública, publicidade abusiva e curandeirismo. As penas somadas podem chegar a até 53 anos de reclusão para os principais articuladores do esquema.

A Polícia Civil reforçou o alerta sobre o crescimento de práticas ilícitas que utilizam ferramentas digitais para a promoção e venda de substâncias proibidas, especialmente com foco em públicos vulneráveis.

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