Hamas aceita proposta de cessar-fogo mediada por Egito e Catar; Israel ainda não se pronunciou

Gaza Hamas
Foto: AFP

O Hamas anunciou nesta segunda-feira (18) que aceitou uma proposta de cessar-fogo na guerra contra Israel, apresentada pelos mediadores Egito e Catar. A iniciativa prevê a suspensão das operações militares na Faixa de Gaza por 60 dias, além da troca de metade dos reféns israelenses mantidos em Gaza por prisioneiros palestinos.

A informação foi confirmada pelo alto funcionário do Hamas, Basem Naim, por meio de suas redes sociais, e reforçada por fontes oficiais egípcias à agência de notícias Reuters. Segundo os mediadores, o acordo seria um passo decisivo para avançar rumo a uma trégua mais ampla e, possivelmente, ao encerramento do conflito que já dura quase dois anos,

Conteúdo da proposta

De acordo com uma fonte oficial do Egito, a proposta de cessar-fogo envolve não apenas a troca de prisioneiros e reféns, mas também a suspensão das ofensivas militares israelenses por dois meses. Nesse período, diplomatas internacionais trabalhariam para construir um acordo mais abrangente, que poderia abrir caminho para negociações sobre a criação de um Estado palestino e garantir maior estabilidade na região.

Uma fonte próxima às negociações afirmou à Reuters que a proposta aceita pelo Hamas é praticamente idêntica a uma que já havia sido apresentada anteriormente pelo enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, e que contava com aceitação prévia de Israel. Ainda assim, até o momento, o governo israelense não se manifestou publicamente sobre a nova decisão do Hamas.

Posição do Egito

Após o anúncio, o chanceler egípcio, Badr Abdelatty, declarou que o Egito está disposto a integrar uma força internacional em Gaza, desde que a medida tenha base em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU e mandato político claro. “Sem uma estrutura política definida, seria insensato posicionar forças”, afirmou. O ministro também reforçou a disposição do Cairo em colaborar com qualquer esforço internacional voltado à criação de um Estado palestino. O Estado do Egito segue acolhendo imigrantes palestinos enquanto a guerra estende-se. 

Planos militares de Israel

Apesar do avanço diplomático, Israel mantém planos de intensificar suas operações militares em Gaza. Na semana passada, o governo de Benjamin Netanyahu aprovou uma nova ofensiva que prevê a tomada da Cidade de Gaza, a mais populosa do território palestino. O plano foi validado pelo comandante do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, embora o militar tenha demonstrado reservas sobre a viabilidade de uma ocupação total da região.

Os planos de expansão da guerra ocorrem após 22 meses de combates, que já resultaram em mais de 61 mil mortes em Gaza, segundo números do Ministério da Saúde local, considerados confiáveis pela ONU. O mesmo relatório aponta para o agravamento da crise humanitária no enclave, onde há risco crescente de fome devido à restrição da entrada de ajuda humanitária.

Críticas internacionais

A comunidade internacional tem intensificado críticas à condução da ofensiva israelense. Nos últimos dias, organizações internacionais e governos estrangeiros condenaram a morte de seis jornalistas na Faixa de Gaza, cinco deles ligados à rede de TV Al Jazeera.

Enquanto isso, especialistas alertam para os riscos de colapso social no território, caso as hostilidades prossigam. O ataque do Hamas em outubro de 2023, que desencadeou o conflito, deixou 1.219 mortos em Israel, segundo números oficiais compilados pela AFP. Desde então, as operações israelenses causaram mais de 61.500 mortes de palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O cenário permanece incerto e a resposta oficial de Israel à proposta de cessar-fogo será determinante para o futuro do conflito, podendo representar um divisor de águas no esforço internacional para encerrar a guerra.

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