Os Estados Unidos foram os maiores compradores de café brasileiro nos primeiros sete meses de 2025, respondendo por 16,8% das exportações totais do setor, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Entre janeiro e julho, o país importou 3,7 milhões de sacas de 60 kg, embora o volume represente uma queda de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar da redução nos embarques, a receita cambial manteve resultados expressivos. Em julho, o Brasil exportou 2,7 milhões de sacas, 27,6% a menos que em 2024, mas a receita chegou a US$ 1,033 bilhão, crescimento de 10,4%. No acumulado de janeiro a julho, as exportações atingiram 22,15 milhões de sacas, recuo de 21,4%, enquanto a receita cambial alcançou US$ 8,55 bilhões, aumento de 36% em comparação ao mesmo período do ano passado. O resultado reflete o alto preço internacional do café, impulsionado pelo equilíbrio apertado entre oferta e demanda e pelos efeitos climáticos sobre a safra.
O setor permanece atento aos impactos das tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos, conhecidas como “tarifaço”. Segundo Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, as indústrias americanas ainda possuem estoques para 30 a 60 dias, o que cria um fôlego temporário para negociações. Entretanto, eventuais pedidos de prorrogação de embarques poderiam gerar prejuízos superiores a US$ 10 por saca, sem considerar juros, armazenagem e logística adicional.
Os Estados Unidos seguem como principal destino, seguidos por Alemanha (2,6 milhões de sacas, -34,1%), Itália (1,7 milhão, -21,9%), Japão (1,4 milhão, +11,5%) e Bélgica (1,3 milhão, -49,4%). O crescimento das exportações para o Japão evidencia a diversificação estratégica de destinos e abre espaço para o fortalecimento de mercados asiáticos.
A China surge como alternativa promissora, com 183 empresas brasileiras recentemente autorizadas a exportar café ao país asiático. Apesar do credenciamento facilitar a desburocratização, o Cecafé esclarece que o aumento de exportações ainda dependerá de crescimento natural da demanda ao longo dos próximos anos. De janeiro a julho, a China importou 571.866 sacas, ocupando a 11ª posição entre os parceiros comerciais do café brasileiro.
O setor cafeeiro brasileiro segue empenhado em negociações diplomáticas e comerciais para reduzir os efeitos do tarifaço e preservar o acesso aos principais mercados internacionais. O equilíbrio entre produção, preços internacionais e diversificação de destinos será determinante para sustentar o crescimento da exportação de café, mantendo o Brasil como líder global no comércio de grãos de alta qualidade.